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Por Definir

Por Definir

31
Jan19

Dar vida à vida

Há uma expressão que traduz a dependência das redes sociais: the fear of missing out . O medo de perder ou de estar a perder algo importante é o que vicia ao mundo online. Não estar conectado significa não saber o que se está a passar na vida de outras pessoas; não obter informações relevantes (ou irrelevantes) sobre a vida no geral; não saber o que se está a passar no mundo. 

Depois de 1h sem desbloquear o telemóvel, apercebi-me que podia ter perdido tanto em tão pouco tempo. Após confirmar, não tinha perdido nada mas o medo é tal que as atualizações constantes nas redes sociais continuam a existir na minha vida. 

O que é menos correto e inteligente é que para ficar a par dos acontecimentos gerais, a nossa vida não desenvolve. Fica estagnada porque não há tempo para lhe pegar e fazer dela uma coisa que se aproveite. Em vez de ter medo de perder situações exteriores a nós, devíamos ter medo de nos perder. Talvez fosse necessário cada um pegar na sua vida e... dar-lhe vida. 

28
Jan19

As trocas entre gerações

Quando era pré-adolescente, nas férias grandes, as minhas idas à praia contavam-se por uma mão. Os meus pais sempre trabalharam e as suas férias, normalmente, coincidiam com a abertura das aulas. Enfiada em casa todos os dias, apenas saía ao final do dia quando já estava mais fresco. 

A minha avó fazia-me companhia todos os dias. Sentava-se no sofá e ali ficava, desde a hora do almoço até às seis da tarde (hora em que alimentava as galinhas). Nunca dormia a folga mas eu pensava que sim. Às vezes fechava os olhos e eu fazia barulho para ver se ela acordava. Nunca abrindo os olhos, dizia "não estou a dormir". 

Já eu, passava os dias quentes a ler. Lia desde que acordava até me deitar e, por vezes, ficava dois ou três dias sem sentir (diretamente) a luz do sol. Tanto os meus pais como a minha avó preocupavam-se muito porque eu pouco falava e pouco brincava. Só lia. Lembro-me de a minha mãe suplicar para eu ir arejar e passear pelo campo e eu, vendo o seu desespero, ia contrariada. 

No verão passado assisti a episódios que me transportaram para esta altura da minha vida. Os meus tios , que vivem junto às praia algarvias, estavam preocupados com o meu primo que passava os dias inteiros em casa a jogar PlayStation. O miúdo acordava por volta do meio-dia e até às quatro ou cinco da manhã não fazia mais nada mas jogar. Ainda que os amigos o convidassem para irem à praia, ele escolhia o jogo.  Se os pais também lhe suplicassem para sair à rua ficava chateado e, "para não aborrecer o menino", não o incomodavam mais. 

Confrontada com duas realidades diferentes, senti pela primeira vez um abismo entre a minha geração e a do meu primo: os livros foram trocados pelos aparelhos electrónicos; os pais perderam a autoridade; os filhos ganharam-na. 

 

22
Jan19

Qualidade à quantidade

Sigo vários blogs e um deles, recentemente, listou uma série de conselhos para manter uma plataforma digital e para que a mesmo fosse ativamente seguida pelos leitores. Um dos conselhos era a consistência, a publicação diária de conteúdo porque "ninguém gosta de ler quem posta esporadicamente". Mas e se não houver nada para dizer? Se não existir inspiração ou vontade para escrever sem motivo aparente? Ou com motivo aparente?  

No fundo, esta conversa é para explicar a minha inconsistência.  

21
Jan19

O pior é que nem todos cresceram

Era uma miúda dramática. A minha adolescência foi "daquelas": namoros complicados, desleixo nos estudos, mudança (drástica) de personalidade e má relação com a família porque "ninguém me compreendia". 

Nesta fase da minha vida, a minha avó descobriu um cancro, já avançado, que a deitou abaixo muito depressa. Lembro-me de lhe dizer muitas vezes: "Avó, tenho um probleminha" e, após compreender que o problema era inventado pela minha cabeça maluca, ela respondia: "Oh filha! Tomara que os probleminhas da avó fossem todos assim". 

Nunca mais me esqueci desta resposta mas só percebi o seu peso anos mais tarde. Cresci e aprendi a ser objetiva no que toca à resolução de problemas. Já não há filmes, não há dramas, não há loucuras nem sofrimento desnecessário. 

O pior é que nem todos cresceram. 

17
Jan19

Episódios da vida alentejana

O sol esconde-se por detrás do dia cinzento. Sinto o frio na rua quando vou sacudir a toalha. Sento-me junto à lareira de pedra. O calor quase que me queima. Os pés ainda estão gelados e, de meia descalça, aqueço-os no fogo crepitante. Ouvem-se uns cacarejos soltos e distantes dos galos que se escondem no galinheiro, todos juntos para aquecerem. Da janela vejo a brisa leve que toca no limoeiro. Desejo a chuva porque gosto, porque faz falta e porque é o fenómeno natural mais bonito. Na Natureza não se manda.  

15
Jan19

O Professor e as livrarias

Há já algum tempo que vi este vídeo e nessa altura ocorreu-me uma interpretação que só agora decidi escrevê-la. 

A plataforma digital de compra de livros fez uma entrevista ao Presidente da República, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa. As perguntas e respostas diziam respeito a livros, como não podia deixar de ser e, conhecendo o prazer que o Professor obtém da leitura, a repórter pergunta-lhe se já alguma vez comprou livros na dita plataforma. O Professor contorna a questão, evitando-a e acabando por não responder à mesma. 

Não sei se propositadamente mas se tivesse que apostar, diria que o nosso Presidente nunca comprou nem vai comprar livros online. Pelo que percebi, o Professor é um senhor à moda antiga que preza o povo e a tradição e como tal, acredito que vá (ou ia) a livrarias físicas, comprando os livros em mão, dando valor e continuidade às livrarias que estão a perder clientes e, consequentemente, a fechar as suas portas. 

Se tivesse que apostar, diria que uma das coisas menos boa de ser uma figura pública é não conseguir ir a uma livraria e perder tempo a fazer as suas escolhas sem ser constantemente interrompida. 

Ainda bem que não sou uma figura pública.  

01
Jan19

Um novo ano

Dia 1. Uma página em branco. Tanta vontade de mudar. Tantos desejos. Tanta emoção. Somos nós que fazemos o nosso ano. Não acredito nos desejos pedidos à meia-noite e só como as passas porque realmente gosto. Não basta pedir os desejos, é preciso esforço para os concretizar. 

Por isso, não espero que os vossos sonhos se realizem sozinhos. Espero que tenham a proatividade necessária para os realizarem vocês mesmos. 

Um bom ano 2019.

Nota

Todas as imagens aqui publicadas são do Pinterest, excepto se existirem indicações contrárias.

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