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Por Definir

Por Definir

20
Jun20

A solidão como parceira

Já me foi dito que viajei muito e que vivi muito. Ainda sem idade para me considerar uma pessoa com muita experiência de vida, reconheço alguma verdade quando mo dizem. É por isto que vivo constantemente no passado, alimentando-me de memórias antigas, não conseguindo desfrutar do presente.

Por natureza, sou uma pessoa pensativa, melancólica e só que tenta, com todas as suas táticas, esconder essas características. Gosto de me sentir assim porque é o que me faz sentir viva. Sinto-me incompreendida desde sempre e, na realidade, não quero sentir-me de outra forma. Escolhi a solidão para me acompanhar porque é quando me sinto só que me sinto real. É por esta razão que João Tordo é o meu escritor preferido: todos os seus livros se referem, em determinado ponto, à solidão e ao efeito que a mesma tem nos personagens.

"A melancolia é impossível de combater porque, a partir do momento em que nos aventuramos no mundo, teremos sempre saudades de tudo. De tudo.”

                                                                                                            Biografia involuntária dos amantes de João Tordo

09
Jun20

Sobre ela

"És estranha".

Ela recorda-se desta frase que lhe foi cuspida como se fosse uma ofensa. Sempre se sentiu um pouco fora do padrão de raparigas que a sociedade produzia. Sempre se sentiu especial, superior até, julgando aqueles que não partilhavam da sua opinião ou do seu pensamento, julgando a mãe ou o pai quando discordavam dela ou a repreendiam por algo que ela considerava normal, aceitável e assertivo. Julgava em silêncio mas, quando se transformou numa rebelde adolescente que espelhava todas as suas emoções e pensamentos na face como se não existissem filtros entre o pensamento e a expressão facial, decidiu, de forma corajosa, despejar os seus julgamentos verbalmente. Ainda que fizesse um esforço para não magoar os que ouviam os seus pensamentos, não queria deixar de ser clara e assertiva quando os revelava, temendo esconder uma mentira dentro de si se não o fizesse. E, se por algum momento, achasse que não estava a ser verdadeira, sentia-se sufocada pela educação que lhe fora dada sempre evidenciando a aversão à mentira. 

Hoje, com 24 anos, percebeu que os seus pensamentos não devem ser revelados na íntegra sob pena de ser considerada "estranha". Ainda não percebeu qual o limite entre omitir verdades importantes quase consideradas mentira ou verdades leves que pouco ou nada impactam a sua vida e a dos que a rodeiam. Mas um dia vai aprender a limitar esses dois domínios. 

06
Jun20

Um dia de David Nicholls

O Sol espreita muito de vez em quando pelas nuvens gordas mas brancas que prometem não deixar brotar uma gota de água. O vento faz balançar os ramos esguios e altos dos eucaliptos plantados no cimo da colina junto à casa grande e o único som humano é o fechar de uma porta emperrada numa casa lá longe, do outro lado do monte. Está um dia de Outono que quase faz lembrar o Inverno mas, no entanto, é Primavera. Ela anuiu com a cabeça concordando que é o sábado perfeito para pegar no livro que ocupa a sua cabeceira há 2 dias intitulado de "Um Dia" por David Nicholls.

É um livro que narra a história de vida de dois amigos durante duas décadas. Curiosamente, cada capítulo dedica-se a um ano das suas vidas e descreve episódios aleatórios mas, de alguma forma, marcante para as personagens. Não é uma descrição de um resumo maçudo dos acontecimentos mas sim de um dia ou de uma semana em particular. Obra de fácil leitura devido à escrita fluida e bem construída pelo autor obrigando o leitor a identificar-se com os episódios da vida mundana das personagens. De leitura agradável e aprazível, lê-se de uma empreitada e fica-se com a sensação de que a vida passa tão mas tão depressa.

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05
Jun20

A dependência do online

Se pararmos para pensar nas coisas importantes da vida, chegamos à conclusão que a maioria delas são feitas offline. Tenho uma compulsão qualquer com o raio do telemóvel e das redes sociais que me desgasta mentalmente porque sinto que perco horas e horas que podia dedicar a outra actividade que me enriquecesse mais como pessoa. E, como a minha avó dizia, eu é que mando no meu corpo (e isto incluí o cérebro), desativei a conta do Facebook e criei uma nova no Instagram onde os meus seguidores e as pessoas são apenas aquelas mais importantes para mim. Com estas ações, espero reduzir o tempo colada ao ecrã e mais à vida real, ao dia-a-dia e ao presente. 
 
Alguém sofre desta dependência?

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29
Mai20

A cidade e as aplicações

Hoje ouvi uma frase do Bruno Nogueira numa entrevista com a qual me identifiquei que foi: "Não gosto da cidade. Parece um telemóvel com todas as aplicações abertas ao mesmo tempo". 

Desde há muito tempo que digo que não pertenço a este século, que devia ter nascido na primeira metade do século XX. E digo isto por me sentir assoberbada, essencialmente, pelas tecnologias e pelo seu consequente bombardeamento de informação. Acredito que seria muito mais feliz se apenas tivesse a televisão, a rádio ou os jornais como meios de comunicação, tal e qual como antigamente. 

Creio que já aqui referi que a evolução das tecnologias tem um valor inquestionável porque sem ela a qualidade de vida que temos hoje em dia não existiria mas acredito que está a tomar proporções desumanas. 

O Bruno Nogueira não gosta da cidade mas eu não gosto é de todas as aplicações abertas ao mesmo tempo.

10
Mai20

Não sejam como eu

Quando era criança e me perguntavam o que queria ser quando fosse grande dizia que queria ser bibliotecária. Ninguém estranhava visto que eu andava sempre com livros atrás. Quando a minha mãe trabalhava no mini-mercado da vila, havia uma cadeira encostada ao canto dos detergentes da roupa que era ocupada por mim quando saía da escola e esperava ir para casa. Com as pernas a baloiçar e dor no pescoço, abria um livro no colo e lia até que não aguentasse mais olhar para baixo. Todos os habitantes da vila que iam fazer as suas compras me conheciam, a mim e aos livros como se fossemos indivisíveis.

Hoje em dia, ainda que adorasse trabalhar numa biblioteca, atrai-me mais a ideia de ser escritora. E assim que este pensamento surge, desaparece rapidamente com a lembrança de que há muitos leitores por aí que desejavam escrever um livro. Serem escritores, portanto. E a maior parte não chega a publicar nenhum ao longo da sua vida. 

Questiono-me porquê. Falta de talento? E se eu disser que acredito que o talento se constrói? Falta de motivação/persistência? Acredito que existam muitas pessoas resilientes por aí. Será porquê? E, logo depois, desacredito na minha ideia, no meu sonho.

Não sejam como eu. Acreditem nos vossos sonhos.  

06
Mai20

Do Alentejo

O chilrear das aves, o cantar dos galos, o som estridente das cigarras e um ou outro latido são os sons que oiço quando puxo uma cadeira para o pátio com um livro na mão e um café. 

Quando me sento e olho ao redor apenas alcançando flores, ervas, árvores e pássaros das mais diferentes espécies, tenho a certeza que pertenço aqui e que este é o meu lugar preferido do mundo, não importa para onde vá. 

 

30
Abr20

Outros 4 meses depois

Nestes 4 meses que por aqui não passei, a minha vida sofreu ligeiras alterações: concluí o mestrado e a tenebrosa tese; saí do emprego que tinha desde o verão; voltei para o Alentejo fugida do vírus. 

E é aqui que me encontro, portanto, no Alentejo, na minha casa de sempre (e para sempre), a sentir-me sortuda por ter uma almofada que me ampara sempre. Durante este período de maiores restrições, pesquiso muito sobre desenvolvimento pessoal porque acredito que o nosso sucesso depende muito do nosso mindset. Tenho dedicado muito tempo a ver vídeos com conteúdos que me despertam o interesse e a ler sobre esta temática que me diz tanto.

Para além disso, aventurei-me a aprender Francês, a integrar um curso online de Harvard e, não tão menos importante, a voltar a este outro refúgio que ficou hibernado devido a "falta de tempo". Do blog, quero dispender mais tempo a trabalhá-lo e a encará-lo como a minha plataforma de expressão, que me faz tão bem!

Afinal, estar fechada em casa não significa fazer nada para mim!

E vocês, o que contam? 

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11
Ago19

Não julguem ninguém

Tenho um amigo meu que está há vários anos a tentar concluir a licenciatura. Já está a arrastar-se há mais de 5 anos e eu sempre o julguei fortemente por isso. Como é que uma pessoa é tão preguiçosa a esse ponto? O problema dele é mesmo esse: ser preguiçoso. E, a meu ver, as pessoas preguiçosas que não correm atrás dos seus objetivos não têm um propósito na vida. 

Ora esta visão mudou radicalmente. Deixei de ser extremista. Arrastar algo durante muito tempo não significa, necessariamente, uma ausência de propósitos. Aliás, há uma série de fatores que podem estar por detrás desta situação. 

Digo isto porque é o que me está a acontecer há cerca de dois meses. Não consigo finalizar o projeto que tenho em mãos e fico frustrada sempre que me apercebo do tempo que tenho vindo a perder. Mas quando me sento à mesa para o fazer, não sou produtiva. Nem consigo pensar. Nada. Logo eu que sou toda despachada e que faço tudo num instante. 

Ainda não percebi o motivo desta procrastinação. Nem sei se alguma vezes perceberei. Só quero que passe. 

 

Nota

Todas as imagens aqui publicadas são do Pinterest, excepto se existirem indicações contrárias.

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