A felicidade depois do desconforto
No início do ano decidi dedicar algum tempo ao meu desenvolvimento pessoal mas nada de muito espiritual ou drástico. Queria apenas mudar alguns hábitos que não melhoravam (ou que até pioravam) o meu dia-a-dia e por isso, criei uma nova rotina.
Fiz exercício físico todos os dias durante um mês, optei por uma alimentação saudável na maior parte das refeições e acordei cedo todos os dias para fazer render o dia. Quase todos os dias custaram muito mas, como previsto, foi custando cada vez menos.
Hoje, após uma semana desligada dessa rotina por motivos de preguiça, retomei os hábitos porque o meu corpo e a minha mente já estavam em sofrimento. Tive dificuldades em dormir, o meu corpo estava constantemente dorido e as energias no nível mais baixo. Percebi que quando criamos um hábito, torna-se difícil mantê-lo nos primeiros tempos mas quando já ganhámos algum ritmo, torna-se complicado viver sem ele: o clássico "primeiro estranha-se e depois entranha-se".
Não há muito tempo, à conversa com um amigo, foram referidos os benefícios dos duches gelados. Ele estava a tentar criar esse hábito na sua rotina e, aparentemente, a incutir-me o mesmo. Chamei-o de louco. Ainda que reconhecesse as vantagens na saúde, abdicar de um duche quente é o mesmo que abdicar de café com leite pela manhã ou o mesmo que usar meias molhadas o tempo todo - desagradável. Quer seja de manhã ou à noite, um duche quente relaxa e conforta-nos. Isso mesmo, é confortável. E ninguém gosta de estar desconfortável. Infelizmente, sempre foi dito que só nos desenvolvemos e crescemos se saírmos da nossa zona de conforto.
E eu saí. Saí tanto que há um par de dias, mergulhei num lago gelado. Tão gelado que assim que mergulhei, ouvi o gelo à superficie quebrar. Custou muito mas, já fora de água e em fato-de-banho, ria-me desalmadamente e não sentia os 0ºC que o termómetro marcava.