A mulher que correu atrás do vento
João Tordo é o meu escritor português preferido e esta afeição intensifica-se cada vez mais conforme vou lendo os seus trabalhos. Confesso que o seu penúltimo livro "Ensina-me a voar sobre os telhados" não me cativou mas, ainda que não o tenha lido na sua totalidade, a qualidade da sua escrita é indiscutível.
A capa d'A mulher que correu atrás do vento fascinou-me desde o primeiro momento mas, não querendo colocar as expectativas no topo, não lhe atribuí importância. Retirei-o da estante da biblioteca municipal assim que o vi na secção dos destaques antes que alguém o requisitasse primeiro.
A história gira à volta de 4 mulheres que existiram em diferentes tempos históricos. Todas elas têm algo em comum e todas elas são admiravelmente retratadas tal como todas as outras personagens sobre as quais o autor se debruçou.
Sobre a escrita confirmo que se mantém genial, a descrição dos cenários é tão perfeita que nos transporta até eles, já para não falar da continuação dos temas taciturnos e profundos. Ainda que seja um livro denso e pouco fácil, a sua complexidade está bem equilibrada com a fluidez e a imponência das palavras de João Tordo. A dor e a falta de uma figura maternal estão presentes ao longo do livro e é absolutamente notável o enredamento que se vai construindo no desenvolver da história.
Creio que este livro demarca de uma maneira muito clara e evidente a evolução do autor comparativamente às suas obras menos recentes. Tive a sensação que João Tordo desabrochou e atingiu o seu expoente máximo como escritor. E eu que pensava que já não era possível prosperar-se mais... Fico a aguardar, ansiosamente, pelo próximo.