As diferenças de género e as polémicas à sua volta
O feminismo está a confundir as pessoas. Pelo menos a mim, está de certeza. Se for pesquisar pela definição da palavra encontro o seguinte: "movimento ideológico que preconiza a ampliação legal dos direitos civis e políticos da mulher ou a igualdade dos direitos dela aos do homem" (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Contudo, as diferentes manifestações a que tenho assistido (essencialmente digitais) espelham pouco ou nada o conceito de feminismo.
Creio que já tinha referido anteriormente esta questão uma vez que me deparava constantemente com a diminuição do homem em prol da mulher. Sim, o inverso aconteceu na sociedade de séculos anteriores mas não é por isso que devemos colocar a mulher mais alta do que o homem por vingança ou pelo que for. Concordo sim em colocar a mulher numa posição igualitária relativamente ao homem. Isto é, não existir discriminação de género (nem qualquer outra ).
Por esta razão, fico dividida aquando do dia da mulher. A data é assinalada para relembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres, portanto, de importância inegável. Por outro lado, não havendo dia do homem, enfatiza-se a diferença entre os dois. É um misto agridoce, pronto. Para mim, o dia da mulher é sempre; o dia da liberdade é sempre; o dia da criança é sempre. Todos eles existem para não nos esquecermos da sua importância mas, e se nos lembrássemos todos os dias dos nossos direitos e celebrássemos (interiormente porque não há dinheiro para tanta prenda), todos os dias?
Não sei se faço bem ou não mas não comemoro o dia da mulher. Acredito que se ninguém pensasse na diferença de géneros, essa diferença não existia. No fundo, acredito que não lhe dou poder para existir, pelo menos na minha vida. Mas sei que nem todos pensam assim.
Outro exemplo disto é o desprezo que conservo em mim pelos novos programas da SIC e da TVI, "Quem quer casar com o agricultor?" e "Quem quer casar com o meu filho?", respetivamente. Já li muitos comentários que menosprezam os canais e que acham uma vergonha este tipo de conteúdos serem exibidos em horário nobre e, adicionalmente, logo depois do dia da mulher.
Acho... vamos lá ver... que palavra ficaria bem aqui...? Parvo. Se calhar 'parvo'. sim, acho parvo dizerem "ah e tal, a SIC e a TVI não têm vergonha de exibirem programas em horário nobre que menosprezam a mulher logo depois de se ter assinalado uma data tão importante relativamente à mesma". Acho parvo porque independentemente da hora ou dia de exibição dos programas, estes canais estão a ser desconfortáveis. Talvez esteja só a dizer barbaridades porque não assisti a nenhum mas já fui espectadora de programas similares (Love on Top ou First Dates) e senti-me desconfortável. Sentia-me mal só de olhar ou ouvir. Vergonha alheia, sabem?
Acredito, mesmo, que seja difícil encontrar o amor da sua vida e calculo que até possa ser desesperante. Agora, o desespero levar o pessoal a expor os seus gostos amorosos e sexuais em público... Não, não é agradável. De qualquer forma, não fico muito exasperada com estas situações porque sei que ainda há muitas pessoas 'poucachinhas', que não dão mais, que são assim e não pensam mais além. Inconscientes, por assim dizer. Quando me deparo com programas deste carácter faço uma coisa muito eficaz: mudo de canal.
Se todos mudarem de canal, os programas deixam de ser exibidos. Se ninguém pensar em desigualdades ou diferenças sejam lá de que foro, não existem desigualdades nem diferenças. Se ninguém desvalorizar a mulher ou o homem, não há desvalorizações. Talvez isto seja viver no mundo encantado das igualdades.