Habilidades requeridas: ser perfeito
Com o mestrado na reta final, decidi começar a procurar ativamente emprego. Depressa percebi que para receber uma quantia suficiente para sobreviver autonomamente, necessito de uns quantos anos de experiência: coisa que não tenho, naturalmente. Optei por enveredar pelos estágios profissionais remunerados (idealmente) ou não-remunerados.
No decurso da minha incansável pesquisa deparei-me com situações pouco agradáveis e até frustrantes. Para a posição de interno (INTERNO!), a maior parte das empresas ou organizações requerem uma série de qualidades, entre elas: vontade de aprender; capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo (multitasking); excelente capacidade de trabalhar em equipa; capacidade de trabalhar autónoma e individualmente; excelentes técnicas de comunicação e organização; capacidade de trabalhar sobre pressão; capacidade de integração; fluência em inglês; fluência noutra língua qualquer; notável atenção para o detalhe; excelente capacidade de gerir o tempo; excelente postura; excelente dedo mindinho; excelente em tudo-e-mais-alguma-coisa-que-possa-estar-indireta-ou-diretamente-relacionado-com-o-trabalho.
É compreensível que os empregadores queiram recém licenciados ou mestres com excelentes habilidades mas talvez devessem perceber que não há pessoas perfeitas. Tenho a sensação de que, aquando da escrita do anúncio da vaga, eles têm um separador aberto com uma lista de todas as qualidades humanamente existentes e fazem copy paste para o anúncio.
Durante este fim-de-semana, apercebi-me que ter uma licenciatura, um quase mestrado, ter feito 3 estágios, ter tido experiências profissionais/académicas em 3 países diferentes e saber 2 línguas e meia é mediano menos.