O meu dom para crianças
Adoro miúdos. Ainda que sejam birrentos e maçadores, gosto deles. Mas já reparei numa certa tendência: eles não gostam de mim.
Estou sentada numa mesa de correr na minha coffee house preferida. Ao meu lado está um pai com a sua filha nos seus 7 ou 8 anos. A criança tem um conjunto de canetas numa caixa que arruma e desarruma constantemente. Parece-me um tanto quanto aborrecida e, não tendo nenhuma folha de papel, iniciou os seus desenhos no recibo do café do pai. Prestável como sou, ofereci o meu caderno à miúda para ela fazer rabiscos. O pai agradeceu mas a gaiata nem olhou para as folhas em branco que estavam à sua espera. Não só não ligou ao caderno como ainda foi buscar guardanapos e desenhou ali mesmo.
Agora estou numa situação constrangedora onde o caderno está aberto em cima da mesa, a criança não lhe toca, o pai não se mexe e eu não quero ser desagradável ao guardá-lo.