Pertenço à geração errada. E agora?!
Tenho a sensação que pertenço à geração errada. É isto e apenas isto.
Por muito que esteja agradecida pela evolução da ciência e da tecnologia, por vezes desejava que não tivesse existido tamanha transformação no mundo. Não sei se se aplica o tal provérbio de que só queremos aquilo que não temos mas é uma realidade muito minha: não pertenço aqui.
Estava a comer um gelado numa noite de verão enquanto observava um grupo de 4 jovens que ainda não teriam 20 anos. Todos eles estavam a beber um café e todos eles estavam colados aos seus próprios telemóveis. Cada um estava entretido e absorvido pelo seu próprio mundo. Fiquei triste ao perceber que a interação cara a cara vai sendo cada vez mais esquecida.
Incomodam-me os smartphones ainda que utilize muito quer por necessidade, quer por arrasto desta geração. Despendo demasiadas horas num mundo virtual que não acrescenta nada à minha vida. Quero vivê-la e não ver os outros a viverem a sua. Ainda que as redes sociais tenham benefícios, a parte negativa destaca-se bastante (pelo menos para mim). Fico bastante frustrada quando percebo que a envolvência do ano em que vivemos leva a melhor sobre mim. Decidi não permitir mais este controlo.
Recentemente, tenho vindo a recordar muito o filme "Call me by your name" não pela sua história mas pelo seu contexto histórico. O jovem rapaz ocupa os seus dias das férias de verão com os amigos e com a família, a ler, a escrever ou a fazer música e em actividades ao ar livre. A década de 80 tem muito pouco a ver com 2019. E eu preferia a década de 80. Preferia a sua envolvência. Preferia a humanização. Preferia a naturalidade e facilidade em viver. Preferia a sua ausência de controlo por parte da tecnologia. Preferia ter crescido lá.
Creio que a evolução nos desumanizou. E haverá pior coisa que a desumanização?